Estrada para Lagoa Azul

Tem dia que a gente quer dar um passeio leve, despretensioso… Só dar uma voltinha até uma cachoeira, até um riacho ou uma lagoa, sem muita aventura. Um dia para relaxar…

Foi com esse espírito que acordei para visitar a Lagoa Azul na Chapada dos Guimarães, local famoso por suas cachoeiras belíssimas, sendo a Véu de Noiva a sua maior atração.

Cachoeira Véu de Noiva, cartão postal da Chapada dos Guimarães – Foto: Luciano Mendes.

Antes de me aventurar por caminhos desconhecidos, fui atrás de um guia para saber o que estaria à minha frente e como era o procedimento de visitação. Um guia precisa acompanhar os visitantes durante todo o trajeto, mas eu poderia ir até lá com a minha moto, sem problemas…

Conversa com o guia pelo WhatsApp. 11 km de estrada de terra boa pela frente…

A conversa co o guia foi animadora. Sigo pelo asfalto por um trecho, depois pego uma estradinha de terra sossegada por 11 km. Depois uma caminhadinha e estarei em frente da famosa Lagoa Azul. Só que a vida não é bem assim…

Segui para o local e, tão logo entrei no trecho de terra, me deparei com isso:

Começo dos 11 km de terra para a Lagoa Azul – Foto: Luciano Mendes.

A estrada era um verdadeiro areial! E eu não gosto de areia! Adoro rodar na terra, passear pelas montanhas e ver os lugares escondidos e topo qualquer estrada com pedras, rípio e até mesmo um pouco de barro. Mas areia para mim é um terror! Mas eu pensei comigo: “Bom, o guia sabia que eu estava vindo de moto e me disse que a estrada estava boa. Então esse deve ser um trecho curtinho. Logo ali melhora”.

Só que “o logo ali” não chegava nunca…

Quanto mais eu rodava, mais areia aparecia – Foto: Luciano Mendes.

Comecei a ficar preocupado, mas o ímpeto de seguir em frente falou mais alto. “Estou numa Royal Enfield Himlayan, a moto construída para vencer as montanhas mais altas do mundo! Não é um punhado de areia que vai me parar agora!”, pensei eu com toda a minha bravata aventureira! E segui em frente, andando que nem um carangueijo em cima da moto, mas com a determinação de não deixar nada me parar.

Bem, quase nada…

Mata-burro ou mata-moto? – Foto: Luciano Mendes.

Como que atravessa isso? A minha determinação sofreu um pequeno abalo… Mas eu estava numa Royal Enfield Himalayan e não era um mata-burro, que matou seu construtor, que iria me parar. Vi que tinha um caminho de gado passando ao lado e decidi ver se tinha outro ponto de passagem. E tinha!

Depois de mais alguns quilômetros de areia, cheguei na fazenda onde fica a Lagoa Azul e fiz uma belíssima caminhada até esse local paradisíaco.

Lagoa Azul, um dos pontos mais belos da Chapada dos Guimarães – Foto: Luciano Mendes

Apesar de toda a dificuldade, que não era esperada para esse dia, ver essa lagoa ao vivo fez tudo valer a pena! Mais uma vez, a máxima “quanto mais difícil, mais bonito” se mostrou verdadeira. Depois de passear pelas grutas e ver essas paisagens inesquecíveis, enfrentar a estrada de volta foi moleza!

Uma das grutas na fazenda onde fica a Lagoa Azul – Foto: Luciano Mendes.

Cheguei no fim do dia na pousada exausto, moído, mas com a alma lavada pela superação (sim, para mim, rodar na areia é uma superação enorme) e belas belezas que vi neste dia marcante. Isso enche a alma da gente, e não tem preço!