Nas vésperas do feriado de 7 de Setembro, a Adriana e eu decidimos ir acampar de supetão. Não havíamos planejado nada, mas achamos por bem não perder um feriado ficando dentro de casa. Afinal, já são vários meses que estamos passando praticamente o tempo todo trancafiados por causa dessa pandemia. Então, decidimos que era hora de nos isolarmos em outro lugar e uma barraca nos pareceu o lugar ideal para isso.

O segundo problema foi encontrar um lugar, assim de última hora. A primeira ideia foi Monte Verde/MG, mas a cidade está fechada e os campings não estão recebendo hóspedes. Então, pensei em Marmelópolis/MG, cidadezinha pacata e esquecida na Mantiqueira, próxima de Delfim Moreira. Nos anos 60 e 70 Marmelópolis produzia, obviamente, marmelos, principalmente para alimentar a fábrica da CICA que ficava em Delfim Moreira. Entramos em contato com o Seu Dijalma, que disse que poderia nos receber prontamente.

Definido isso, juntamos nossa barraca, sacos de dormir, colchões infláveis e amontoamos tudo na Eva.

Marmelópolis fica perto de casa e a estrada até lá é simplesmente fantástica. São várias curvas subindo as montanhas, em meio a muito verde. Passamos por Delfim Moreira, cruzamos Marmelópolis e chegamos ainda cedo na Pousada e Camping Dijalma.

Achamos uma boa sombra debaixo de uma árvore e montamos a barraca ainda antes do almoço.

Quando a gente faz algo assim, sempre bate aquela sensação dizendo “eu tinha que fazer isso mais vezes”. O nosso cantinho ficava às margens de um riacho e os passarinhos cantando complementava a trilha sonora daquele lugar tão sossegado. O seu Dijalma completa o cenário, com um carisma e um jeito acolhedor que só se acha na Serra da Mantiqueira.

Depois de um almoço simples e eficiente, fomos explorar um pouco o entorno da pousada. Achamos uma série de cachoeiras, uma mais bonita que a outra.

Dali também tínhamos uma bela vista do Pico dos Marins. Parecia que era só dar uma caminhadinha para chegar no topo.

Mas eu sei bem que chegar lá não é fácil. Ao menos, não foi fácil para mim, como você podem ver no vídeo abaixo:

Já tínhamos dado o dia por encerrado quando, no meio da noite, começou uma gritaria na pousada ao lado. Ouvimos um estampido, igual a um tiro, e ainda mais gritaria. Achei que era algum assalto ou fosse uma briga que fugiu ao controle. Mas apareceu uma labareda enorme e um rapaz com as roupas queimadas veio correndo pedindo ajuda. Era um incêndio de grandes proporções! Muitas pessoas estavam gravemente queimadas e foi necessário usar os extintores dos carros para controlar o fogo. Dois dos hóspedes da pousada foram verdadeiros heróis, entrando na casa em chamas com os extintores e conseguindo controlar o fogo antes que toda a pousada fosse tomada pela chamas. Ficamos até tarde tentando ajudar com o que podíamos e as vítimas foram levadas para o centro de saúde de Marmelópolis. O dono da pousada foi quem mais sofreu queimaduras e foi transferido para Itajubá, onde está até a data na qual publico este post. Estamos todos na torcida para que ele se recupere desta tragédia terrível.

No dia seguinte, decidimos subir até a Pedra Montada. A subida é bem íngrime, mas as paisagens compensam qualquer esforço. Logo no começo, já damos de cara com essa cena:

A flora do local é outra atração à parte. Daria para passar o dia todo só vendo os diversos tipos de plantas diferentes que havia pelo caminho.

Perdi a Adriana pelo caminho. Achei que ela tinha desistido e voltado para a pousada. Mas, quando chego na Pedra Montada, eis o que eu encontro me esperando por lá:

Eu acabei não vendo a entrada para a Pedra Montada e subi mais 40 minutos à toa, para ter que descer tudo por outra trilha. Mas foi legal. Esse trecho passava por uma mata bem fechada e fiquei ouvindo o barulho dos pássaros e dos macacos, que estavam bem agitados.

A vista da Pedra Montada é muito bacana também. Acho que a foto a seguir deixa claro a razão deste nome:

No dia seguinte, a ideia era acordar, desmontar o circo, e ir para a casa. Mas o seu Dijalma nos convenceu a ir visitar a cachoeira Santa Bárbara, que fica numa propriedade particular e cujo acesso apenas é conhecido pelos locais. A caminhada até lá não foi fácil e tivemos que pular várias cercas com arame farpado, além de atravessar pastos e plantações.

Mas é claro que isso não foi nada perto da beleza da cachoeira. Ela é formada por um paredão inclinado de pedra de 140 metros, com água escorrendo até um poço na base.

Com a seca que estamos atravessando, o volume de água estava bem baixo. Fico só imaginando como deve ser essa cena numa época de cheia. Vou precisar voltar lá para ver se a cena real é igual a que estou imaginando…

Satisfeitos com as belezas da natureza e com as baterias renovadas, era hora de voltar para casa. E quando fui abastecer a moto após chegar em Santa Rita, eis que tenho mais uma supresa. A Eva fez 32,4 km/L mesmo estando completamente carregada com garupa, 3 baús abarrotados, barraca, saco de dormir e toda tranqueira que levamos para um camping! Essa moto continua me surpreendendo…