Em algum lugar de Iraquara/BA, caminho pra Fazenda Pratinha

Logo depois da aventura de começar a andar de moto, comecei a vislumbrar a possibilidade de juntar a isso a vontade de conhecer cantos do nosso Brasil onde talvez um carro convencional não fosse a melhor opção, e o lançamento da Himalayan por aqui no inicio de 2019 caiu como uma luva.

Sempre gostei de viajar, lembro quando pequeno meu pai chegava em casa e colocava tudo no fusca pra viajarmos em familia, pra onde dava, cresci e fui expandindo um pouco esse raio de ação até conseguir atravessar o oceano e ao longo dos anos conhecer melhor aquilo que antes só tinha visto em livro de história na época de colégio… qual seria a nova dimensão? Começar a fazer isso de moto também, mesmo após 7 meses de categoria A adicionada, mas de trânsito com a B desde 1996 ao completar os 18 anos.

Paralelo 14, o mesmo que corta Machu Picchu, Alto Paraíso de Goiás/GO, tão mística quanto a equivalente peruana


Depois de decidido o roteiro e a aventura de comprar e buscar a moto em outro estado, felizmente bem sucedida e documentada por outros colegas de Royal’s, arregacei as mangas e fui ao inicio dessa oportunidade única, uma vez a moto comprada, revisão inicial feita logo ao chegar ao Rio, vindo de São Paulo (cerca de 467 kms percorridos),

aproveitei o inicio de férias pra amaciar um pouco a moto pelo interior do Rio de Janeiro, visitando a família e dando um pulo em Belo Horizonte pra esticar um pouco mais e conhecer um pouco do comportamento dessa moto que foi a escolhida pelo custo-benefício e a admiração pela marca (a Classic 500 ainda será acrescentada brevemente à família, a Hima ganhou pela capacidade de carga em terrenos um pouco mais desafiadores, na dúvida de por onde andaria, a trail levou a vantagem).

Na programação de viagem, ir do Rio até a Chapada Diamantina com o retorno passando pela Chapada dos Veadeiros pra conhecer esse lugar tão bem falado, mas tudo no melhor estilo curtindo o caminho, normalmente buscando rodar de 8h às 16h e parando pra almoçar e conhecer cidadezinhas encantadoras no caminho, os primeiros dias de autoestradas foram divertidos, muito mais que as viagens de carro, mas tudo começaria a mudar completamente ao chegar à Bahia, primeiro com o cagaço da falha causada por combustível ruim que poderia já no inicio estragar toda a aventura, o que felizmente foi só um susto e a viagem prosseguiu com tranquilidade, e a emoção começou no instante que eu resolvi sair da BR-116 pra uma estrada menor, passando por Iaçu/BA pra cortar caminho pra chegar em Lençóis/BA, “capital” da Chapada Diamantina, que sensação maravilhosa andar em estradas por vezes desertas com a vegetação de diferentes formas tomando conta de tudo ao redor, até que eu pude perceber que não era o centro de nada, só mais um grão de poeira cósmica aproveitando a jornada…

Daí pra frente foi sorriso atrás de sorriso, o cansaço se dissipava a cada estrada de terra, e até a alegria em experimentar areiões e a gentil Himalayan me levar por eles sem nenhuma queda por meio às mais belas paisagens que já pude presenciar pelo mundo inteiro (claro que caí parado ao estacionar na pousada em Alto Paraíso de Goiás/GO já na Chapada dos Veadeiros na volta, mas quem tem moto vai cair parado ao menos uma vez, mesmo que nunca admita hehe), a impactante mudança de paisagem dos campos de plantio de soja na Bahia na transição pro Tocantins e seu relevo de outro mundo, ou a tensão de andar horas sem ver mais ninguém no horizonte, ainda assim, o tipo de experiência única que conseguiu, mais do que me fazer conhecer novas estradas e estados, que eu pudesse me conhecer um pouco mais, longe do agito dos dias comuns.

No final das contas, 4.315km rodados de infinitas histórias, que serão lembrados pra sempre, com a vontade agora ainda maior de somar mais quilometros, mais sorrisos, mais aventuras… e se a dúvida é se vale a pena?! Muito! É só ir, acredite!